7 de nov. de 2009

QUEM JÁ OUVIU FALAR?

O PASTOR ATEU?


Apesar da expressão parecer contraditória, a verdade dos fatos nos mostra que tal personagem
(o pastor ateu) é até bastante comum ,e anda por nossas igrejas sem dificuldade. Quando falamos de ateu não estamos tratando da questão filosófica, mas da prática. Apesar do muito barulho que fazem nos meios de comunicação social, os ateus filosóficos são a minoria. A maioria esmagadora da população mundial professa, pelo menos de boca, a crença num ser superior, na divindade.


Quando passamos a lidar com ateus práticos as coisas mudam. A maioria das pessoas que diz crer em Deus vive na prática como se Ele não existisse. Ora, é raro encontrarmos pastores que defendam filosoficamente que Deus não existe. Provavelmente, se dará com alguém que deixou o ministério. No entanto, pastores que professam crer e conhecer a Deus e até a trabalhar para Ele, mas que na prática vivem e ministram como se Ele não existisse são muitos e daí o título desta reflexão – o pastor ateu. Eis algumas pistas para reconhecer o tal pastor:


1) Pregação Carnal
Longe do que o adjetivo pode pressupor, a pregação carnal não é
necessariamente mal sucedida ou pouco inspiradora. Aquele que segue o ministério pastoral como profissão o faz porque acredita ter o dom da palavra. Seu ato principal, aquele que mais costuma marcar seu ministério, é a pregação. Quando uma igreja procura um novo ministro, convida-os a pregar e é com base no desempenho no púlpito que a maioria dos membros fará sua opção de voto. Sendo assim, ser um bom pregador é algo fundamental!


Ora, o levantar-se semanalmente para declarar: “Assim diz o Senhor” é algo grave e tremendo. O temor e a dependência de Deus para tal exige muito do servo de Deus. E é aqui que muitos falham. É bem mais fácil desenvolver habilidades humanas para a pregação. Afinal temos 4 anos de homilética no seminário e muitos cursos que ensinam como dominar uma platéia. Aqui começa a carreira do pastor ateu, aquele que prega segundo a carne.


Quando falamos de carne, entendemos como o professor Dallas Willard, que a “carne representa basicamente aquilo que é natural, as capacidades humanas sem assistência espiritual ou divina”. Sendo assim, pregação carnal é aquela que se baseia na capacidade humana e não provêm do Espírito. Acontece que na “carne não se pode agradar a Deus” (Romanos 8:8) pois as coisas de Deus só se discernem espiritualmente e não por meio da capacidade do homem natural (I Corintios 2:14 e 15).


Na verdade, o pastor ateu prega como se Deus não existisse. Ele acha que pode falar por Deus sem consultá-lo e que isso não trará consequências. Normalmente não tem tempo para a meditação na palavra e para o estudo bíblico. Sua pregação é um discurso de auto-ajuda, muitas vezes retirado de livros ou da Internet, mesmo de sites evangélicos, mas é uma pregação que não resulta da experiência com Deus. O pastor ateu prega para agradar o auditório, prega somente vitória, benção e prosperidade. Ele profetiza sucesso, abençoa a congregação e todos saem contentes. Alguns desses pastores têm grande sucesso, porque há sempre gente pronta para ouvir os pastores ateus e que apreciam seus discursos ( II Timóteo 4:3).


O problema da pregação carnal do pastor ateu é que revela falta de temor de Deus. É uma pregação que traz honra e fama ao pregador e não a Deus. Um discurso que não promove contrição nem despertamento. Anima por um pouco de tempo e se dissipa. O culto dirigido pelo pastor ateu tem o mesmo efeito de um filme ou um show. É interessante enquanto dura, mas seu efeito passa em pouco tempo, às vezes antes mesmo do crente sair do estacionamento da igreja.


Atenção, o pastor ateu não é menos religioso. Seu discurso pode ser mesmo mais inflamado e “espiritual” que o da maioria. Sua alegação de direção divina (que na verdade não buscou e não recebeu) é que o torna tão perigoso.


O pastor ateu não teme recorrer levianamente às profecias, visões, sonhos e palavras especiais para encantar ou influenciar sua congregação. Ele aparenta ser alguém que está em linha direta com o céu. Mas suas profecias são vagas e não se cumprem, os sonhos são pessoais, as visões são apenas votos de fartura e prosperidade.


O pastor ateu faria bem em lembrar-se das exortações feitas por Deus aos profetas que ousavam se levantar para falar de sonhos, visões e profecias mas que o Senhor não enviara. Deveriam se lembrar do Deus que avisou: “amaldiçoarei as vossas bênçãos” (Malaquias 2:2) e do Senhor que alertou que muitos se apresentarão como servos seus e ouvirão dele “nunca vos conheci” (Mateus 7:23).


2) Multidões como Prioridade
O pastor e professor Eugene Petersen escreveu vários livros de exortação
aos pastores. Ele lembra muito bem que as atividades mais importantes da vida pastoral são privadas e acontecem longe da vista do público, a saber: oração, meditação na palavra e aconselhamento pastoral. O pastor ateu não tem tempo para o privado. Seu negócio é o publico.


Temos hoje muitos que vivem da medida de seu auditório. Nem sequer se deslocam a igrejas com menos de X pessoas. Só querem multidões, porque a multidão não tem discernimento. Diante da multidão o que conta é a capacidade de representação que perde muito do atrativo no privado. O pastor ateu não sabe o que é discipulado, despreza o aconselhamento. Tem mesmo a coragem de dizer que “discipulado não é meu ponto forte” que sua vocação é para auditórios.


A ênfase de Jesus foi ao discipulado e foi nesse sentido que Ele orientou seus discípulos. Era o método divino para a propagação da Igreja. Negar isso é negar o coração do Cristianismo. A epidemia de crentes fracos que vemos em nossas igrejas se deve principalmente ao fato de não termos discipuladores. O Pastor-Mor, o Senhor da Igreja pedirá contas aos pastores por negligenciarem suas ovelhas (Ezequiel 34:4, 15 e 16).


3) Lucro Ministerial
O pastor ateu, como não tem temor de Deus, julga que o ministério é “fonte
de lucro “(I Timóteo 6:5). Querem ficar ricos (I Timóteo 6:9) e para isso fazem” comércio dos crentes com palavras fictícias” (II Pedro 2:3). Basta vermos como o marketing e os métodos de propaganda se tornaram fortes na igreja moderna.
Pastores que vivem sem temor de Deus fazem uso de todos os recursos para ganharem mais um pouco com seu ministério. Vendem a palavra e tornam-se ricos com isso.


O pastor ateu não prega sem determinado cachê, não se hospeda a não ser em hotel de muitas estrelas, não come a não ser em restaurante ou casa de gente rica. O pastor ateu até negocia com a igreja o valor de seu salário e exige patamares que fariam inveja a muitos diretores de empresa. Alheios, na maioria os casos, à própria realidade dos membros de suas igrejas, esses pastores ganham mais que a esmagadora maioria da população e ainda se escondem por traz do texto “digno é o obreiro do seu salário”. Na verdade, Paulo foi claro quanto a isso quando escreveu a Timóteo que “tendo sustento e com que nos vestir estamos contentes” (I Timóteo 6:8). O pastor ateu contestaria tal texto e diria que “vivemos em outra realidade”.


O pastor ateu não somente cresce materialmente como usa isso como fonte de influência. Usar roupas caras, carro do ano e morar em condomínio de luxo fazem parte da marca que supostamente confirma a benção de Deus. Afinal a prosperidade vem de Deus, certo?... Será mesmo? Julgar que a roupa ou o carro faz com que alguém seja mais importante ou sua palavra mais valiosa é desconhecer os rudimentos do ensino de Jesus.
Visar o lucro nas coisas espirituais, tirar dinheiro das pessoas que buscam o líder espiritual em sofrimento e dor é viver como se Deus não existisse, é negar a essência do ministério, é ser um pastor ateu!


4) Política Religiosa
A política está hoje cada vez mais desacreditada. O próprio termo “político” é
hoje sinônimo de enganador, ladrão, falso e hipócrita. Quão triste é que nesse contexto tantos pastores se dediquem a tal arte, a arte da política.


O pastor ateu é um político nato. Nada faz sem interesse. Seus amigos são amigos funcionais, ou seja, faz amizade na expectativa do que essa pessoa poderá representar em termos de lucro ou vantagem mais tarde. O pastor ateu cede seu púlpito a outros pastores “influentes” e busca convites de outros púlpitos “importantes”. Ele sabe que as amizades certas levam aos lugares certos, e por lugares estamos designando cargos e funções políticas.


O pastor político é aquele que não perde congressos e convenções e se deleita em debates e questiúnculas. Gosta de intervir quando o auditório esta cheio e luta para fazer parte de comissões, grupos de trabalho e executivas. Não o faz por entender que pode fazer a diferença, ele sabe que os meios políticos fazem poucos. Sua ansiedade em fazer parte das instituições é porque elas lhe dão visibilidade para crescer no meio político, aumentar a influência e avançar nos lucros.


Conclusão:
Não foi nosso objetivo negar que haja servos de Deus cujas pregações são muito apreciadas, negar que haja homens de Deus dirigindo igrejas grandes e que por isso recebem salários maiores, negar que existam ministros sérios e comprometidos em posições políticas. Mas, não podemos deixar de falar desta triste realidade que é a existência de muitos pastores ateus que “professam conhecer a Deus e entretanto o negam por suas obras” (Tito 1:16).


Entendo duas possibilidades principais para o surgimento de pastores ateus. Alguns começaram bem, mas a força das circunstâncias, as lutas do ministério e as dificuldades foram afastando o ministro da Palavra e da Oração. Aos poucos, esse servo foi desenvolvendo meios de sobreviver no ministério sem a comunhão. Depois de um tempo, vive a vida ministerial dependendo de esquemas e forças humanas. Esse pastor precisa de ajuda para voltar à senda reta da vida com o Senhor.


Outra possibilidade é a do pastor ateu que já começou ateu. Desde o seminário evidenciava uma vida sem devoção e sem temor de Deus. Trata-se do indivíduo político, que não esconde quem é e prospera mesmo assim. Esse se enquadra na descrição feita e precisa ser resistido, já que seu trabalho não é de Deus e sua herança não será abençoada.


Nosso apelo é para que todos que fomos chamados para o ministério da palavra estejamos atentos a estes sinais. Podemos correr o risco de cair nessas armadilhas. Pode ser inconsciente, pode não ser premeditado, mas a própria pressão do trabalho pode nos levar a tentar trabalhar para o Senhor, sem na verdade o conhecermos e negando o que é mais importante. Lembremos a cada passo que nosso tempo com Deus, nossa comunhão íntima e aquilo em que estamos nos tornando é mais valioso que qualquer coisa que possamos fazer para Ele.


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2 comentários:

Leonardo Martins disse...

Meu amigo,
Após meditar sobre o assunto tenho mais perguntas que respostas. De fato, não tenho autoridade para emitir uma opinião contundente, mas suspeito de alguns sinais visíveis.

É verdade que alguns são realmente chamados e um dia podem se desviar, assim como alguns crentes se afastam do Senhor, o pastor não é exceção. Mas este (se são realmente chamados) Deus há de tratar.
O que preocupa são aqueles que você diz "já começou ateu", entretanto são consagrados ao ministério. Não sou tolo de dizer "estou escandalizado", mas como estudante de teologia me preocupa que isso, de fato, aconteça. Minha pergunta é por quê?

Recentemente tive acesso a uma pesquisa dando conta que 54% dos seminaristas NÃO TÊM chamado pastoral. Até aí tudo bem (tudo bem?!). Digo: menos mau.
É possível que alguns desses se descubram NO ministério; para honra e glória do Senhor, mas...
É possível também que alguns descubram O ministério. Descubram o que podem fazer com as coisas aprendidas na academia e usem isso em proveito próprio.
Não seria o momento de pensarmos nas causas e não nos efeitos? Como médico você detecta os sintomas para atacar as causas.
Se me permite opinar, entendo que temos focado nos sintomas e não na “doença”. Os sintomas são importantes para diagnosticar as causas do problema. Uma vez diagnosticado será preciso combater o mal cujo corpo (de Cristo) está acometido.
Suspeito esse problema não tenha surgido hoje. Penso que seja algo plantado no passado e, agora estamos apenas colhendo.

Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. (Gálatas 6:7)

Se estamos realmente interessados em resolver o problema teremos que investigar a fundo, sem isenção de ninguém e a luz da Palavra de Deus. Confrontando sempre que for preciso; sem perder a ternura, mas sendo firmes ao Senhor da seara. Porque no final a seara sempre é Dele. E a Ele prestaremos contas.

Se vamos levar a sério teremos, sim meu amigo, que cortar na carne. Vai doer, mas vai curar.
Da minha parte vou continuar investigando sem descuidar da minha própria relação com o Senhor. Sinceramente espero encontrar alguma resposta que venha aliviar o sofrimento daqueles que amam o Evangelho e se entristecem com o tem-se feito dele. Agora entendo o choro de Jesus.

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! (Mateus 23:37)

No Amor de Cristo,

Leonardo Martins.

Unknown disse...

Realmente é preocupante, li um livro que conta a história de um falso pastor que não acredita em Deus, mas Deus tem um proposito em sua vida, é um livro muito bom, emocionante e surpreendente, leiam vcs vão gostar, eu o encontrei no site: www.seteseveneditora.com.br